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Sem titulo

Sempre me disseram para sorrir mais. Nunca percebi bem porquê. A verdade é que nunca gostei muito do meu sorriso. Tenho a absoluta certeza que fico com cara de parva. É quase uma espécie de plateia com dois dentes desiguais na primeira fila que tapam a vista ao resto. Outro comentário típico era que devia ser mais positiva. Esse então nunca o compreendi bem. Com tanta coisa de merda que acontece à nossa volta o que deviam achar estranho é não sermos todos tendencialmente suicidas. E depois aquele esgar de desistência, É a vida!!... Claro que é. Há mais alguma coisa? Uma flor branca num campo verde. Um por de sol na praia. Uma cascata. O sorriso de um bébe. Porque será que cada vez que nos encontramos com algo que nos traz alegria julgamos ser os únicos do mundo capazes de o sentir? Repito. O que há mais? Talvez porque se estivessemos sempre a sorrir estes momentos deixavam de ter importância. Claro, resposta óbvia. Que perda de valor totalmente evitável pensariam os mais profundos. A vida é feita de compensações. Pois sim. Digam isso àquele menino que nasceu sem um braço. É uma criança muito amada. Está sempre alegre e é muito inteligente. Claro está. Meia dúzia de adjectivos e temos uma existência numa linha. E um sorriso no final, para mostrar como és feliz. Um conformado que sabe mostrar os dentes. E o conforto que invade a audiência.
A vida é feita de compensações. E lá voltam eles. Felizes sim. Mas porque levam os sacos numa e fazem festinhas ao seu amor com a outra. Com aqueles sincronizados arrepios do Safa, ainda bem que não me aconteceu a mim. Isto tudo para dizer que isso de termos de ser mais positivos é uma grande treta. A coisa simplesmente nem se põe. Está lá. Faz parte da formula. Somos uma parada de positivismo. E sem audiência porque se os houve, os negativistas, esses grandes malandros, também já lá não estarão para ver. Foram por outro caminho. É claro que o mais curioso é que nem devem ter encontrado o que procuravam.
E mesmo quem não tem dentes pode sorrir.