quarta-feira, novembro 22, 2006

Historias

Provavelmente somos todos pré-escritores. Com tanta coisa para nos inspirar com apenas abrir os olhos ou respirar com mais certeza. O problema estará talvez na escolha do tema. Xa ver, aqueles lizandros tan bonitos fizeram-me lembrar daquela vez quando era jovem e percorria aquele caminho para ir para a vila.
Somos todos talvez não assumidos contadores de histórias. Se não, qual a razão para enchermos as nossas conversas de tão aborrecidos pormenores? Todas as estradas são iguais. As flores nascem em todo o lado. As crianças e os animais também. Safa! E há sempre a indicação temporal. O verão mais quente da década ou aquelas chuvas, lembras-te que inundaram aquele aldeiazinha no ribatejo. Pelo amor de Deus, ande lá com isso. E depois claro, vem o conhecido que conheceu aquele que depois foi e mandou cumprimentos por aquele que voltou. Ah, e a roupa claro. A referência estética porque os olhos também ouvem. E agora que já não se usa aquelas saias. Eram tão bonitas. Fica-se a achar que afinal só podem estar a gozar com a nossa cara. E a conversa que começou no milheral acaba com a Matildinha a guardar orgulhosa o I Pod na manga de balão. Claro que nós perdidos. Mas também já estávamos desde o início por isso o melhor É mais um café se faz favor!

terça-feira, novembro 21, 2006

Sem titulo

Sempre me disseram para sorrir mais. Nunca percebi bem porquê. A verdade é que nunca gostei muito do meu sorriso. Tenho a absoluta certeza que fico com cara de parva. É quase uma espécie de plateia com dois dentes desiguais na primeira fila que tapam a vista ao resto. Outro comentário típico era que devia ser mais positiva. Esse então nunca o compreendi bem. Com tanta coisa de merda que acontece à nossa volta o que deviam achar estranho é não sermos todos tendencialmente suicidas. E depois aquele esgar de desistência, É a vida!!... Claro que é. Há mais alguma coisa? Uma flor branca num campo verde. Um por de sol na praia. Uma cascata. O sorriso de um bébe. Porque será que cada vez que nos encontramos com algo que nos traz alegria julgamos ser os únicos do mundo capazes de o sentir? Repito. O que há mais? Talvez porque se estivessemos sempre a sorrir estes momentos deixavam de ter importância. Claro, resposta óbvia. Que perda de valor totalmente evitável pensariam os mais profundos. A vida é feita de compensações. Pois sim. Digam isso àquele menino que nasceu sem um braço. É uma criança muito amada. Está sempre alegre e é muito inteligente. Claro está. Meia dúzia de adjectivos e temos uma existência numa linha. E um sorriso no final, para mostrar como és feliz. Um conformado que sabe mostrar os dentes. E o conforto que invade a audiência.
A vida é feita de compensações. E lá voltam eles. Felizes sim. Mas porque levam os sacos numa e fazem festinhas ao seu amor com a outra. Com aqueles sincronizados arrepios do Safa, ainda bem que não me aconteceu a mim. Isto tudo para dizer que isso de termos de ser mais positivos é uma grande treta. A coisa simplesmente nem se põe. Está lá. Faz parte da formula. Somos uma parada de positivismo. E sem audiência porque se os houve, os negativistas, esses grandes malandros, também já lá não estarão para ver. Foram por outro caminho. É claro que o mais curioso é que nem devem ter encontrado o que procuravam.
E mesmo quem não tem dentes pode sorrir.

Hello Miss Mckay



Nellie Mckay tem o bom do mau fígado de Fiona Apple, a preferência pelo piano e pelas fugas à melodia de Tori Amos, a postura de Nina Simone e evoca tons como os de uma Maria Muldaur ou uma Dusty Springfield. Em uma palavra, é viciante.

Dois álbums a descobrir: Get away from me e Pretty Little Head.