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Como é Habitual

Salto da cama
Entre o sonho e o sobressalto
Diligente largo o pijama
E mais um dia começa neste quarto

Um pouco de leite e pão
Ou talvez algum cereal
Pequena pausa para então
Tomar o banho matinal

A porta bem fechada
Já depois de deixar
Acarinhada e acomodada
A gata e a comida para se deleitar

Mais uma longa espera
Na paragem feita castigo
Seguida da viagem bera
Para chegar ao triste destino

Horas e segundos em desconfortável posição
Sentada atrás de incontáveis mesas
Rodeada por uma barulhenta multidão
Que vive no aborrecido mundo das certezas

Ai mas quem é que se lembrou de dizer
Que o mundo somos nós que o fazemos
Se tudo o que vejo em volta
É a vontade de poucos
Embrulhada pelo desespero

Regresso de mais um dia
E cansada entro em casa
Ligo a caixinha hipnótica
Para saber o que se passa

Meros factos empilhados
Por ordem de alguém aleatórios
Entram nesta intimidade
Sem os convites necessários

E nesta ilusão de pertença
Com que recebo o meu amor
Os dois vamos com o sorriso óbvio
De quem nem acredita na dor

Ai quem me dera poder achar
Que a vida é coisa simples
Estar como quem escolheu
Acreditar no normal
Talvez seja natural
Irreversivelmente banal
Como é habitual