Mais Alto
Mais alto, sim! Mais alto, mais além Do sonho, onde morar a dor da vida Até sair de mim! Ser a Perdida, A que se não encontra! Aquela a quem O mundo não conhece por Alguém! Ser orgulho, ser águia na subida, Até chegar a ser, entontecida, Aquela que sonhou o meu desdém! Mais alto, sim! Mais alto! A Intangível! Turris Eburnea erguida nos espaços, À rutilante luz dum impossível! Mais alto, sim! Mais alto! Onde couber O mal da vida dentro dos meus braços, Dos meus divinos braços de Mulher! Florbela Espanca (1894-1930) |