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Los oscar(e)s



São esta semana e eu não seria eu se não postasse sobre o assunto. Aqui em cima estão as minhas claras preferências para o galardão máximo. Mas do que eu quero mesmo falar é duma vez por todas darem a a palmadinha nas costas de Scorsese que com o que ele já deu à indústria, os prémios deviam chamar-se Marty's.

Também quero falar da interpretação. Acho que desde os últimos anos não houve tanta certeza em relação a quem ia ganhar os quatro prémios para actores. Não sei se era eu a distraída, mas nunca me apercebi da quantidade de entregas de estrelinhas que acontecem antes dos oscares. Aliás, estes são mesmo o fecho da temporada. Normalmente começava tudo de novo já agora em Berlim, mas este ano o festival mais parece a revisão da matéria dada, o que serve bem os puristas de Cannes como a abertura oficial da nova época. Cá para mim começa tudo num belo cantinho chamado Sundance, veja-se o caso de Little Miss Sunshine. O que me leva de volta à interpretação.

Não vi a Raínha, mas nao preciso de ver para saber que Helen Mirren é uma senhora actriz por isso parece-me bem dado. E já que é para a Meryl Streep, a Judy Dench e mais uma vez a Kate Winslet não ganharem, que seja com alguém de imensa qualidade e não uma Halle Berry qualquer. Vi o The Last King of Scotland e não vi mais nenhum dos outros nomeados. Mas posso falar de carreiras. Forrest Withaker é um grande actor e até já o vi fazer melhor que aqui. Mais uma vez concordo. Até porque DiCaprio está a receber um nos próximos anos. Gosling deve ter tido sorte no papel, porque normalmente tem uma certa tendência para o enjoadinho de ressaca. Will Smith nem comento. Já Peter O'Toole todos vimos o suficiente para saber que é dos melhores actores vivos. Qualquer um dos dois fica bem com o prémio. Pena O' Toole já ter sido apontado para o de carreira.

No que é para mim o melhor conjunto de nomeações, os actores secundários, que até são geralmente são dados a surpresas, é o factor blockbuster que vai dar cabo de tudo. Não vi o "Dreamgirls" mas parece-me que vai seguir a tradição dos últimos anos da academia premiar filmes musicais. E se forem biopics ainda melhor. O filme não está nas categorias principais, valha-nos, mas está forte como tudo nos secundários. Eddie Murphy sempre foi um outsider apesar de só fazer grandes sucessos. É um actor de comédia impecável, mas não é nessa qualidade que está nomeado. Dos seus concorrentes só não vi Djimon Hounsou que já foi nomeado antes e tudo porque é um óptimo actor. Wahlberg é a personagem menos chata de Departed, a par de Jack Nicholson que só não está aqui porque já ninguém dá uma nomeação para secundário a alguém do seu estatuto. Alan Arkin marca a diferença no filme. Ou seja há um Little Miss Sunshine até e outro depois da sua personagem morrer. E Jackie Earle Haley está assombroso em Little Children. Qualquer das atribuições sem ser a Murphy ou a Wahlberg, ganha um contorno quase político que não sei se a Academia quer assumir.

O mesmo acontece nas actrizes secundárias, que são de longe o conjunto mais invulgar (a par da quantidade de mexicanos nomeados no geral). Ora temos quatro nacionalidades diferentes e quatro "newcomers" junto a uma veterana com menos de quarenta anos e um oscar no bucho. Só a título de curiosidade, duvido que as outras todas juntas tenham feito mais filmes do que apenas Blanchett e por conseguinte a quantidade de prémios que já ganhou. Repito, não vi o "Dreamgirls" e também não vi o "Notes on a Scandal". Em relação a Jennifer Hudson, tem o sonho americano chapado na história e na cor de pele. É a mensagem ideal para um país com falta de confiança. Perdeste os Ídolos mas não te preocupes que ganhas um Oscar. A única que se lhe podia opor em força era Blanchett, mas o prémio recente bem como a sua tendência em ser nomeada frequentemente (para o ano já se fala que ninguém lhe fará frente com a sequela de "Elizabeth"), fazem-na uma boa perdedora. Aliás é a actriz do ano. Tem três filmes nomeados em diferentes categorias, incluindo um para melhor filme. E nesse filme estão as excelentes Rinko Kikuchi e Adriana Barraza, as grandes forças de interpretação no turbilhão que é Babel. A nomeação é gigante para as duas, sendo que as anula ao mesmo tempo. Eu cá vou torcer por Abigail Breslin. é o vortex de Little Miss Sunshine e é sempre giro ver pequenos talentos a subir ao palco de milhares de dólares do mundo dos adultos.

Só uma pequena nota para o oscar de carreira para Ennio Moriconne. É completamente merecido mas segue a tendência da academia em "enterrar" talentos vivos.